DESIDÉRIO

Na penumbra dos conceitos desconcertados deste

novo mundo louco, eu me escondo sob a sombra

da poesia enroscada e emaranhada nos passos do

desiderato violento humano.

Temo pelo destino que nos espera quando nossa

esfera tão minuciosamente criada através dos

milênios reage compulsivamente ao nosso cruel

descaso e desengano.

Ante o inferno de Dante que nos espera...

O sulco da terra chora o nosso ostracismo,

lamenta a nossa paralisia, condena a nossa

covardia, omissão dos éticos valores.

Choraremos por muitas eras nas heras sobrepostas

em nossos túmulos irrelevantes...

Pois que nós humanos estamos longe de sermos

o mimo da criação. Porque presunçosos pensamos

que somos os eleitos quando abandonamos nos leitos

e ao relento as verves dos nossos gérmens, pais e mães...

Não somos dignos deste mundo, nós é que somos

vãos ante as dores de nossos irmãos, ante a crença

fanática àqueles que abraçam os podres poderes.

Matamo-nos em sede e molhamos nossos dedos

em águas que não deveriam nos deixar cair em

tentação, mas não nos livram do mal que causamos.

Nestes andares do tempo erectus que traçamos,

na evolução humana que nos mostra levantando

vejo as mentes habilis decaindo. Meu Deus! ...

Constato o homem monstro inescrupuloso que

nos tornamos...

A arte bela que hoje ainda envolve nossas bestiais feras

seria o prenúncio da salvação desta escatológica era! ...

Claudia Loureiro
Enviado por Claudia Loureiro em 05/03/2017
Código do texto: T5931723
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