RESTOS ATEUS

Maravilhoso instante

Ouço o canto de pássaros

O mesmo de todas as manhãs

Também o ruído de motosserra.

A luz pela fresta

Diminui a cada dia

O olhar que resta

Na escuridão da terra santa.

Busco um segundo longo

Sem parar o relógio da vida

Se o conseguir serei único

Como em um sonho congelado.

Pretenso alucinado

Igual a todos que já se foram...

Minha hora é a mesma das crianças

Mas como é mais dura!

Contrapõe o olhar de mãe

Cravado na fragilidade neural

Inversa do inferno astral.

Mundo afora

Agride fora de hora

Escraviza a liberdade de massa.

O amor maduro arrasta

Traços de ódio e cicatrizes

Meretrizes deixaram marcas

Marcos na porta do ser

Tal traça deixa seu feito.

Sumidouro de sentimentos

Dispensam-se os lamentos

Tarde demais...

Processador de fins

Há um buraco negro

Nas proximidades de cada alma.

Encerraria o indivíduo!?

Ah! Talvez por isso,

justificam-se os ateus,

é possível o eterno adeus.

jocase
Enviado por jocase em 25/10/2007
Código do texto: T708741