RESTOS ATEUS
Maravilhoso instante
Ouço o canto de pássaros
O mesmo de todas as manhãs
Também o ruído de motosserra.
A luz pela fresta
Diminui a cada dia
O olhar que resta
Na escuridão da terra santa.
Busco um segundo longo
Sem parar o relógio da vida
Se o conseguir serei único
Como em um sonho congelado.
Pretenso alucinado
Igual a todos que já se foram...
Minha hora é a mesma das crianças
Mas como é mais dura!
Contrapõe o olhar de mãe
Cravado na fragilidade neural
Inversa do inferno astral.
Mundo afora
Agride fora de hora
Escraviza a liberdade de massa.
O amor maduro arrasta
Traços de ódio e cicatrizes
Meretrizes deixaram marcas
Marcos na porta do ser
Tal traça deixa seu feito.
Sumidouro de sentimentos
Dispensam-se os lamentos
Tarde demais...
Processador de fins
Há um buraco negro
Nas proximidades de cada alma.
Encerraria o indivíduo!?
Ah! Talvez por isso,
justificam-se os ateus,
é possível o eterno adeus.