Cemitério da Capela Nossa Senhora da Penha de França – MG

(15 de outubro de 2007)

O respeito pela vida

quanto deve à despedida?

Quanto fica de quem vai

pelas plagas de Deus-Pai?

Não fica o velho e o jovem

igualmente quando sobem?

(Não fazem questão nenhuma

da idade só a pluma.)

Os mortos da cidade grande, como vivos,

não se enterram nem vivem: são arquivos.

(Têm números, gavetas, fichas, covas,

mesas, camas e trincheiras quase novas.)

Os vivos desta capela

às seis vêm namorar, na janela,

e rezam por nós, mascarados,

com seus mistérios desmaiados;

também se chamam no fogo das Minas

fios dáguas peregrinas.

Esperam que o homem aprenda

seu mito de verdade e lenda;

quanto mais se diz sabido

sabe apenas quando o estendido

houver só depois do sétimo sino

vinga o homem e seu destino.

Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis...

Não ainda. Não fiqueis.

Ide dormir, crianças do acaso,

deixai-nos o mundo raso.