A CRIANÇA QUE ME DEU A MÃO

Não tenho mais medo do vazio

Pois é ele que me deu forma

E vem suave caindo

Inventando e dando calma.

Não tenho mais medo da morte

Pois é ela que dá vida aos passaredos

E envolve a boa fortuna de

sorte

De almas amigas nos dias estrelados.

Não tenho mais medo da solidão

Pois é ela que me cria os encontros

E preserva as noites de comunhão

De sonhos e caminhos outros.

Não tenho mais medo da escuridão

Pois é dela que eu vim nascer

Na luz do alvorecer dessa canção

Transportando a centelha do renascer.

Não tenho mais medo do desconhecido

Pois é dele que me permito

Criar o aleitamento do divino

Enquanto o silêncio persigo.

Não tenho mais medo dos meus medos

Faço deles meu íntimo esconderijo

Enquanto escuto meus desejos escondidos

Abraço o precipício no início.

Sou a mesma criança que um dia me deu a mão

Essa mesma fonte que entrei sem saber

E me levou por casas e moradas do coração

E ontem ainda ela me pedia para lhe corresponder.

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 01/04/2023
Reeditado em 03/04/2023
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