A MISSÃO

Vai, poema, e diz a ela

que se atraquem juntos

aos pés da cama, seja o sonho.

Instalados, hirtos e aéreos,

levem rosas às damas — Um mar

estranho burla suas órbitas.

As vozes das suas de antes

ressoam retintas 'Onde aporto?'

A ressaca invade o quarto.

Seus braços são âncoras

Ninguém chega, quem se importa?

Vai, poema, a vida é verso;

às vezes, mal lido por leigos

e outros vão-se incompletos

com tantos porquês do choro.

Vai e salva aquela que sangra,

ainda que esteja pálida, porque somos.

Se for breve, sei que será salvo.

— De ser obsoleto.