A atitude do pródigo

Misericórdia, Senhor! Misericórdia!

“Pequei contra o céu, pequei contra ti”;

Falei mal dos irmãos, espalhei a discórdia,

Até do seu nome, zombei e esqueci.

Perdão, meu Pai! Perdão!

“Já não sou digno de ser chamado seu filho”.

Deixei sua luz perfeita, preferi a escuridão.

Meu rosto já está morto, já não tem mais o seu brilho.

Oh, Deus! Oh, Deus! Livra-me do submundo das dores

Dá-me uma nova chance de estar ao seu lado.

“Trate-me apenas como um dos seus trabalhadores”,

Mas não me deixe lá, sozinho e abandonado.

Sei que fui um tolo quando parti

Dos seus braços amorosos e desse lar paterno.

Não há lugar melhor do que aqui

A vida lá fora é um verdadeiro inferno.

Aqui, cada servo é chamado de seu amigo,

O Senhor lhes confia até o íntimo segredo,

Eles se sentam à mesa e ceiam contigo

Com toda confiança, sem receio e sem medo.

Sei que nada fiz para merecer o seu amor;

“Dissipei os seus bens, vivi dissolutamente”...

Mas eu não agüento mais viver com essa dor

Que me consome o coração e a mente.

Deixa-me ficar! Eu preciso de paz!

Não suporto mais esse tormento.

Sei que pelo que fiz, nada é demais,

Mas eu não agüento tanto sofrimento.

Quero ficar na paz desse seu recanto,

Viver para sempre nesse lar de amor

Quero adormecer ao som de seu acalanto

E encher minha vida de seu brilho e cor.

É bem verdade que nada disso mereço

Mesmo assim venho fazer-lhe esse pedido

Pelo qual, desde já, lhe agradeço

Quando por sua graça puder ser atendido.