Da Ira

Sem paz se comprime a alma

Num sentimento tão humílimo,

Saboreando o insípido, suprimida calma,

Aferrando, espasmo, o sentimento ao mínimo.

Tão distante da augusta indignação

Que trás consigo o latente amor...

Oh, Pai! Que por Tua misericórdia e compaixão

Me prive deste ferino desamor.

Mas que pela mesma compaixão e misericórdia

Jamais me prive da Tua dúlcida correção,

Para que quando me haja de maneira sórdida,

Os vergões e feridas sejam marcas de purificação.

E eis que já meu ser é grato,

Pois onde outrora houve injustiça,

A Tua vara e o Teu cajado

Vieram, enfim, produzir justiça.

E com efeito, cultiva após

Profunda paz e mansidão,

Trucidando o sentimento atroz,

Levando e elevando a resignação.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 03/11/2009
Reeditado em 05/11/2009
Código do texto: T1902240
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.