A assustadora Escada de Deus

Pai, perdoa os arroubos do desejo,

O que só reforça, saber que sou mau,

Ainda assim, quando profanar-te, vejo,

Perco minha linha, e caio de pau...

Na verdade, és razão dos passos meus,

E o que tenho, são dons que tu destes;

Estranho outros que dizem ser teus,

Não reagirem quando rasgam tuas vestes...

O vero amor tem quê de ciúme,

Qual confesso, que tenho de ti;

Invocar teu Nome não é um costume,

É tomar-te a mão, viver e sentir...

Puseste uma escada da Terra ao Céu,

Mas a turba prefere seu parco jirau,

Até acham lindo o regalo que é teu,

E não ousam galgar, sequer um degrau.

Dizem, todos os caminhos levam a ti,

O que faria Teu Filho, mentiroso,

Declaram uma fé que encobre o fugir,

E se sentem quentes num iglu enganoso.

Mandarão cartões, porém, de feliz Natal,

Como se isso nos cumprisse fazer,

Ele não disse feliz o que parece legal,

Felizes os que não viram, e podem crer...