"... a alegria vem pela manhã."
Enquanto o dia brilha em esplendor
Vive-se na intensidade do agora
Dias de aurora tem demasiado sabor
Na vida que acontece lá fora
Eis a vida, eis os sonhos - ah, o amor
É um perigo quando aflora
Surgem as pragas, o destruidor
De primaveras - enquanto a flor chora
A noite cai, vem o frio, a dor
A lágrima despenca e implora
Socorro! De onde virá, Senhor,
Para a alma que tanto de adora?
As trevas fazem ninho, terror
Da noite, o medo vem e apavora
Surge pranto ao invés de louvor
E até a espera demorada se devora
Saudade dos dias de paz, do fervor
Que existia pela fé de outrora
Numa gaiola entre o frio ameaçador
A alma estremece e ora
Em gemidos, reclama ao Dominador
Que dias se vão e tudo só piora
No desespero da noite, no clamor
Despedaçado, uma luz a revigora
É o horizonte chegando radiador
Sobre uma vida sofredora
Ainda presa, sente-se o vigor
Do Sol, da luz, justiça redentora
- Vem, anjo, livra-me do raptor
Que me disse ser perdedora
Sejas o meu libertador,
tua proteção me ancora
A esperança já está verde em cor
Nasceu sobre pedra sufocadora
Quero ver nascer, aquilo que vi se por,
Outra vez a luz curadora
Andar livre, sentir o frescor
Do Teu amor que me faz vencedora!