UM E OUTRO
UM E OUTRO
I
Um, batalha pela vida;
Outro, já nasce com a vida ganha.
Um, descansa em “margens plácidas”;
Outro, escala a íngreme montanha.
II
Um, vive da gorda aposentadoria;
Outro, trabalha feito aranha.
Um, vive a bater nos outros;
Outro – coitado – somente apanha!
III
Um, acha tudo normal;
Outro, tem a vida como estranha.
Um, vive no auge;
Outro, nunca experimentou tal façanha.
IV
Um, nunca saiu do seu naco;
Outro, já conheceu a Europa, a Alemanha.
Um, sua a camisa;
Outro só folga – vive na “manha”.
V
Um, tem muito e não sabe em que gastar;
Outro, não gasta porque não ganha.
Um, come delicioso caviar;
Outro, sofre vítima de piranha.
VI
Um, é amigo da justiça;
Outro, de roubar não se acanha.
Um, fica com o caju;
Outro, não lhe sobra nem mesmo a castanha.
VII
Um, come farinha com água;
Outro, delicia-se na lasanha.
Um, “é rico até os dentes”;
Outro, sua pobreza é tamanha.
VIII
Um, orgulha-se de ser poliglota;
Outro, mal escreve – somente arranha.
Um, é cheio de saúde;
Outro, a doença o acompanha.
IX
Um, é promovedor da paz;
Outro, à guerra assanha.
Um, anda mal cheiroso;
Outro, em perfume francês, se banha.
X
Um, é calmo e comedido;
Outro é cheio de sanha.
Um, gosta de andar certinho;
Outro, é a própria maranha.
XI
Um, nasceu para mandar;
Outro, para ser uma peanha.
Um, tem palavras agradáveis;
Outro, a língua é a própria peçonha.
XII
Um, possui sem nunca ter sonhado;
Outro, nada tem – somente sonha.
Um, de fraudar não tem medo;
Outro, até para pedir, sente vergonha.
XIII
Um, nasceu em berço de ouro;
Outro foi trazido pela cegonha.
Um, casou com a rainha da Inglaterra;
Outro, com a “Chica”, a “Tonha”.
XIII
Um, mora em cidade grande;
Outro se conforma em Pariconha.
Um, “passam a mão por cima”.
Outro, a polícia desce a coronha.
XIV
Um, vive de “pernas para o ar”;
Outro, tem vida medonha.
E se faltou alguma palavra,
Seja gentil e aqui ponha!