O PALHAÇO FLANELINHA

Lábios borrados com tanto exagêro,

Nariz]de palhaço, sapato folgado,

Calça larga ameaçando até cair,

Cabelos crispados parecendo vassoura,

Rosto melado de tanta pintura,

Cenário já pronto para apresentações,

Num palco só de crianças, ninguém mais.

Fingiu ser engraxate levando a caixinha,

E dentro ingredientes só de mentirinha,

Pois o cuidado era muito importante,

Diante de platéia todas carequinhas,

Crianças pequenas mas já internadas,

Para cuidar de doenças tão virulentas,

E as dores já marcam rostinhos tristonhos.

Chega o Palhaço Flanelinha num alvorôço,

Finge que tropeça, quase cai, se sustenta,

E as gargalhadas despertaram as sonolências,

Mas encontrou uma menina toda crispada de dores,

E puxando seu narizinho esticando suas orelhinhas,

Notou que um sorriso tão lindo foi se ampliando,

E sorriu feliz pois não queria ver as tristezas

Cenário já pronto e a platéia com olhos brilhando,

Buscou parcerias para fazer as palhaçadas,

Até que o Juquinha quiz ser palhaço também,

Pois é o mais sapéca mesmo diante das dores,

E sentado numa cadeira mostra as faceirices,

Não se importando com a carequinha lustrosa,

Que vai ser engraxada como se fosse verdade.

Palhaço Flanelinha passa graxa de mentirinha,

Em toda a careca onde fingirá engraxar,

E depois a flanela toda branquinha e esterilizada,

Passa na cabeça lustrosa arrancando aplausos,

Da platéia atenta que solta gargalhadas gostosas,

E o Juquinha malandro recebe até vaias,

Dos coleguinhas carécas que não se cansam de rir.

Palhaço Flanelinha examina se está brilhando,

A carequinha onde passou a flanela branquinha,

E fingindo ter encontrado um lugar onde falhou,

Dá uma cuspida de mentirinha para ali lustrar,

E diante da palhaçada tão bem encenada,

Gargalhadas romperam da criançada atenta,

Até da menininha que antes não queria sorrir.

Palhaço Flanelinha um Anjo que Deus mandou,

Para aliviar as dores das criancinhas que sofrem,

Nos leitos de hospitais onde procuram sarar,

E os sorrisos são bálsamos para ajudar na cura,

Pois nas palhaçadas esquecem até das dores,

E seria tão bom se um dia não fossem carécas,

Para encontrar novamente delícias perdidas.

17-12-2009