MINHA AVOZINHA
Minha avó, tão gente fina,
às vezes, vira menina.
Por nada, prega sermão
– perde os óculos, e então?
Aí vem bronca, na certa,
que a vovó é muito esperta.
Vai-se olhar o pincenê,
no nariz dela se o vê.
Ora, a vovó do barulho
bebe leite, dá engulho.
Toma chá, diz ser amaro
e faz careta, não raro.
Cospe, ao tragar seu remédio,
mas comigo não tem tédio.
Com beijos, faço-lhe mimos,
e todos nos redimimos.
Dela, netos e netinhas
só recebemos gracinhas.
Minha avozinha querida,
nunca a vejo envelhecida.
E tem cabelos branquinhos?
Só que eu os noto lourinhos.
Tem a testinha enrugada?
Ah, rugas nem valem nada.
Se eu fosse Deus, deixaria
minha avó de rosto em dia.
Sempre novinha, bonita,
aos netos fazendo fita.
Só tem rompante a vovó,
e ninguém a deixa só.
Vez que da avó nós viemos,
então de todas cuidemos.
Uni-vos, m i n o s, em paz!
Todo o bem aos ancestrais!
Fort., 22/04/2010.