O MENINO SONHADOR

Ainda pequeno tinha suas fascinações,

Pois de pés descalços não se aquietava,

Buscando nas trilhas todo seu imaginário,

Na natureza amiga onde se sentia feliz.

Ouvia os pássaros cantando no alvorecer,

Sabendo identificar pelos cantos a espécie,

Imitando pelo assobio o trinado bonito,

Do curió cobiçado ou do sabiá laranjeira.

Queria no entanto como eles alçar vôos,

De galho em galho ou ganhar espaços,

Onde poderia contemplar os horizontes,

E lá do alto acompanhar a brisa calma.

Tinha uma admiração pelo vôo do urubú,

Ave agourenta mas faxineira do mundo,

E calmo divisava todas suas alternativas,

Para então bem rápido buscar seu repasto.

O gavião carapinhé que parecia descansar,

Num repente despencava seus instintos,

Qual flexa disparada com certeira pontaria,

E as garras afiadas aprisionavam sua presa.

Os pássaros migrantes voavam em formação,

Gansos selvagens ou as garças carrapateiras,

E como se obedecessem à uma voz de comando,

Seguiam o guia até encontrarem seus refúgios.

Assim o menino sonhador imaginava um dia ser,

Voar bem alto até encontrar quem sabe as nuvens,

E com elas brincar de fazer tantos personagens,

Como um urso branco ou então o homem predador.

Nos seus sonhos se imaginava um grande pássaro,

E sorrindo feliz se alçava batendo as asas fortes,

Pairando no ar para ver a natureza que tanto amava,

Só que quando acordava as frustrações aconteciam.

06-01-2011