O CONGRESSO DOS ANIMAIS
No vale das borboletas
Onde vingam rosas mosquetas
E pelos palmeirais
Sopram flauta os pardais
Deu-se um congresso de animais
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O orador do conselho
Um branco coelho
Usava da palavra
Trocando malavra
Reboleando a pata
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Chorava a coruja
De tanta entruja
Que andava de serão na colina
Por tanto barulho de máquina
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Piava o pica-pau desplumado
Ter desparecido com o machado
Do lenhador desapiedado
Que fazia lenha
De toda árvore da brenha
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Os esquilos desabrigados
Vítimas do serrote afiado
Sem nozes,sem toca,sem ninho
Vivendo de esmolas dos passarinhos
Se queixavam de tanto espinho
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A onça pintada
Com a alma penada
Não saía mais de casa
No tempo da caça
Prá não terminar seus dias na jaula
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Todo animal reclamava
O sapo pulava
Resultou no final
Achar outro matagal
Para salvar a espécie do mal
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E nos raios do luar
Foram buscar outro lugar
Onde o arco-íris os guiar,
Só animal pode entrar
E humano não pode alcançar
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E só os passarinhos sabem
Onde fica o tal de vale
Não contam nem por sonho
Nem a troco de ouro,
Para ninguém ir destruir
O que a natureza contruir...
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