O ROUXINOL NOTURNO

Se juntou o corujedo

Nos galhos do arvoredo

Para fazer serenata

Prá lua cor de prata

. . . . . .

Foram tirar a paz dos sapos

Habitantes do banhado

Que reclamavam da matraca

Das emplumadas maritacas

. . . . . .

Botou a boca no trombone

Um sapo verde melone:

-Ó malquicenta coruja

Vá lamber rapadura

Prá adoçar sua amargura!

. . . . . .

Disse outro sapo rajado

Já mal assombrado:

-Ide ter com as bruxas

Tagarela coruja,

Flertar com os morcegos

Que são todos vesgos!

. . . . . .

Tomou partido uma coruja

Estufada de plumas:

-Voltem pro banhado

Seu sapedo asanhado

Se melecar no barro

Até ficarem empanturrados!

. . . . . .

Retrucou outra coruja branca

Que não olha por onde anda:

-Qual sapo sabe cantar

Além de pular

E mosca tonta caçar?

. . . . . .

E os sapos abriram sua tramela

Coaxando numa cantorela

Mais parecia uma orquestra

Retumbando na floresta

. . . . . .

E se chegaram os vagalumes

Luzindo com seus lumes

Deram de crixar os grilos

Enchendo a noite de brilho

. . . . . .

Então vieram se queixar os esquilos

Sem poder dormir tranquilos

Prá dar fim na cantoria

De coruja e saparia

. . . . . .

E do fundo do matagal

Cantou o Nachtigall

Todos fugiram achando

Que era o Lobisomem chegando

E foram sua boca calando.

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 24/08/2014
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