O ROUXINOL NOTURNO
Se juntou o corujedo
Nos galhos do arvoredo
Para fazer serenata
Prá lua cor de prata
. . . . . .
Foram tirar a paz dos sapos
Habitantes do banhado
Que reclamavam da matraca
Das emplumadas maritacas
. . . . . .
Botou a boca no trombone
Um sapo verde melone:
-Ó malquicenta coruja
Vá lamber rapadura
Prá adoçar sua amargura!
. . . . . .
Disse outro sapo rajado
Já mal assombrado:
-Ide ter com as bruxas
Tagarela coruja,
Flertar com os morcegos
Que são todos vesgos!
. . . . . .
Tomou partido uma coruja
Estufada de plumas:
-Voltem pro banhado
Seu sapedo asanhado
Se melecar no barro
Até ficarem empanturrados!
. . . . . .
Retrucou outra coruja branca
Que não olha por onde anda:
-Qual sapo sabe cantar
Além de pular
E mosca tonta caçar?
. . . . . .
E os sapos abriram sua tramela
Coaxando numa cantorela
Mais parecia uma orquestra
Retumbando na floresta
. . . . . .
E se chegaram os vagalumes
Luzindo com seus lumes
Deram de crixar os grilos
Enchendo a noite de brilho
. . . . . .
Então vieram se queixar os esquilos
Sem poder dormir tranquilos
Prá dar fim na cantoria
De coruja e saparia
. . . . . .
E do fundo do matagal
Cantou o Nachtigall
Todos fugiram achando
Que era o Lobisomem chegando
E foram sua boca calando.
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