Canção de ninar...

Cante-me uma canção,

mamãe!

Uma canção de ninar...

Cante-me numa

melancólica melodia

como só tu sabes cantar!

Cante-me com a voz baixinha,

sombria...

Cante-me sobre os pesadelos,

bruxas magretes...

os duendes, diabretes,

o bicho-papão e castelos!

Tristes princesas,

fantasmas, vampiresas;

os monstros e suas presas!

Cante-me sem pressa,

num sussurro;

cante-me no escuro...

Cante-me uma tristonha cantiga

uma canção que bendiga

o frio, a dor e o medo.

Cante-a como um medonho credo,

uma prece antiga...

Não te preocupes, mamãe;

nada temo.

Fale-me de horrores

e desesperos,

de todas as coisas

impuras e imperfeitas!

Mas, por favor, mamãe, cante-me!

Cante-me sobre tudo que aprecio.

Só o que temo, mamãe,

é o teu silêncio...

Rafael Alves de Almeida
Enviado por Rafael Alves de Almeida em 18/09/2014
Código do texto: T4967050
Classificação de conteúdo: seguro