O BAILE DAS FORMIGAS
Ardia no formigueiro
Um chocalho de pandeiro
Se requebravam as formigas
Vestidas de folhas coloridas
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Um vagalume verde oliva
Servia de lamparina
Luzindo como uma estrela
Que passa a noite acesa
*
Uma panelada de grilos
Rabecava violino
Num reco-reco sem par
A mesma cantiga sem parar
Sem nunca enjoar
*
A formiga rainha
Prá baixo e prá cima
Desfilava a roupa nova
Envolta numa pétala de rosa
*
De ceia havia salada
Folhas de moranguinhos repicadas
Com açúcar temperada
Na forma dum bombom enrolada
*
Uma formiga preta
Tamanho duma ameixa
Num avental de folha de parreira
Remexia um coquetel
De flores e mel
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Zanzavam pelos cantos
Esbeltos pernilongos
De pernas como palitos
Meio o zumbido dos mosquitos
*
E o formigueiro tremia
De tamanha folia
Que o formiguedo fazia
Na formiguenta dançaria
*
E quando o baile findou
Ninguém reclamou
Do choramingo do sapo
Na meleca do banhado
Por não ter sido convidado,
Pois de balofo na certa
Não cabia na porta.
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