O BAILE DOS SAPOS
Numa noite aguada
Se atreveu a saparada
A fazer um boxinxo
Um baile de anfíbeos
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No lôbrego pântano
Infestado de pirilampos
Gálbanos,nenúfar e jurubebas
Saltavam sapos manguebas
Meio as lagartixas verde erva
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Entre os fios do cipó
Pulavam numa perna só
Pisoteando na lama melequenta
Onde rastejavam minhocas grudentas
Deslizavam lesmas gulosmentas
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Alguns sapos escaldados
De água ensopados
Coaxavam a mesma cantiga
Rechonchudos da barriga
Empanturrados de mosquitos e formigas
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Outros sapos balzaquianos
Galdrapos e traquitanos
Saracoteavam pelo lôdo
Com as salamandras cor de fogo
Como se amassassem um bolo
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E no lúrido pantanal
Salpicado de luar
Não desistiram de dançar
Pela meleca resvalar
Até a chuva secar
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