A BRUXA DO ESCURO
Trocando a noite pelo dia
Feito coruja vivia
A bruxa do escuro
Escondida no monturo
Por gostar de escuridão
Se trancava no porão
De noite pisoteando os coturnos
Saía catar abóboras e purungos
Numa sacola sem fundo
Azucrinar o espantalho
Coberto de pindorucalhos
Trocar seu chapéu
Por um barquinho de papel
Só de noite no negrume
Salpicada de vagalumes
Saía gavionar
Na vassoura revoar
Querendo a lua alcançar
Antes do sol nascer
Tratava de desaparecer
Maldizendo a claridade
Com cara de calamidade
Invés de reclamar de tudo,
Por que ela não usa óculos-escuros?