Soldadinho de Chumbo


Ah, soldadinho de chumbo,
Não és mais o mesmo!
O azul descascado da farda
De tanto segurá-lo entre as minhas mãos!
Os olhinhos de alfinete
Já desbotaram,
Mas as botas pretas e retintas
Guardam a glória 
Que ainda te sobrou!

Ah, soldadinho de chumbo,
Como, nos dias de infância,
Alegraste o meu mundo!
Eu te segurava, e tu andavas
Ao longo do áspero muro
Que circundava minha casa,
E depois, eu te esquecia
Sobre o gramado, e ficavas
Sozinho, enquanto chovia!

Ah, soldadinho de chumbo!
Ainda guardo memórias
De quando éramos unidos!
Eu te punha na cadeira,
Te ensinava uma lição
Enquanto apontava a lousa...
Meu aluno de brinquedo,
Ando pensando em derretê-lo,
Transformá-lo em outra coisa...



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 12/05/2017
Reeditado em 12/05/2017
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