Pereirinha

Pereirinha era um garoto triste,

magro, macilento, manco

Mal conseguia ficar em riste

Tombava para a direita de seu flanco

Era conhecido como Pereirinha da Triste Figura

Em homenagem ao personagem de Cervantes:

Dom Quixote, aquela criatura

Que pensava lutar contra gigantes

Contudo o garoto coxo era inquieto

Fazia muita bagunça e muita arte

Mesmo não conseguindo ficar ereto

Ele corria por toda parte

Um dia, pela cercania da cidade

em que ele vivia

Viu algo com muita felicidade

Um pomar que o fim não se via

Tratou logo de subir em uma das árvores

Como ele conseguiu não se explica

Comeu as suas frutas aos pares

A regra das boas maneiras não se aplica

De repente ouviu um grande estrondo

E um galho da árvore em dois se partiu

Era um trabuco segurado por um homem redondo

Que com o disparo por pouco não caiu

Pereirinha desceu do pé de árvore mais rápido que um raio

E claudicando percorreu num segundo um metro

O homem seguia logo atrás, numa perseguição dando início

E com o menino à frente gritando: – Vá de retro!

E chegaram aos limites da cidade vizinha

Pereirinha quase sendo alcançado

O Redondo só não contava com a Valinha

A esta altura o homem já havia rolado

E no fim da vala o homem parou

de rolar e naquele lugar ficou preso

A praguejar aos céus o homem ficou

Enquanto Pereirinha escapava ileso

E foi assim que se deu a aventura

Com a barriga cheia e um sorriso no rosto

Pereirinha da Triste Figura

Voltou pra casa com o semblante ao oposto

Gustavo Alves Ribeiro
Enviado por Gustavo Alves Ribeiro em 12/03/2018
Código do texto: T6278030
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