PINTANHANDO - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros

PINTANHANDO - Luiz Poeta -luiz Gilberto de Barros

A pinta que o pinto tinha,

entre tantas pintas tontas

que pintavam no terreiro,

era linda, tão lindinha,

que agitava toda a rinha

dos pintos no galinheiro.

Galinha mãe, vaidosa,

orgulhosa passeava,

enquanto o galo matreiro

toda a cena observava

e o pintinho, dando pinta,

pintanhando sua pinta

apesar de pintainho,

pulava no poleirinho

vendo a pinta que piava.

Eta pinto assanhado,

galináceo desbocado,

quando a pinta não pintava,

o pinto desaforado,

com seu pio desbocado,

ficava tão irritado,

que a pintanhada... xingava!

E abusava dos pês,

eram tantos palavrões,

que os pintinhos, desvairados,

mesmo desorganizados,

juntando-se a mais de três,

decidiram, de uma vez,

acabar com insensatez,

pois também eram brigões

e adoravam contusões.

Porém algo inesperado

aconteceu: a pintinha,

poderosa apareceu

passeando... e sucedeu:

lindo pinto mais pintado

bem pintoso e arrumado

sem dar bola pro coitado,

bicava sua rainha.

Sem sequer piar mais nada,

pobrezinho desse pinto:

até a pinta bicada

das penas foi arrancada

e olhando cada ferida,

da pelinha dolorida,

ele viu sua querida,

aos bicos com o outro pinto,

pintanhando...no recinto.

Às 10h e 38min do dia 8 de fevereiro de 2023 do Rio de Janeiro, Registrado e Publicado no Recanto das Letras.