Devaneio
No alvorecer da manhã raiada,
Qual guardiã fiel a minha alma vela,
À tua espera numa ansiedade louca,
Ainda que de um vulto, ver-te na janela.
Eis que a longa espera de minutos passa
E a fina silhueta delinea-se na cortina.
Embalada em meus sonhos minha alma abraça,
A tua alma casta, o sofrer da minha sina.
Meu coração aos pulos quer sair do peito,
A emoção é tanta que a visão embaça,
Mentalmente abro a cortina com cuidado e jeito
E apenas uma sombra esvai-se na fumaça.
De ti fiz o meu sonho e em ti minha esperança
De saciar a sede deste amor quimera.
Alimentando o devaneio e na certeza da bonança
De que no amanhã termine esta longa espera.