Doces Enganos

Não temos a eternidade para vivermos estes breves dias de nossa juventude.

Não tivemos culpa dos nossos infelizes desencontros,

que foram presentes das circunstâncias.

Mas sabemos que sempre tivemos tempo de amar,

mesmo que não estivéssemos juntos no mesmo espaço,

mesmo na tristeza e na alegria.

Em muitos dias nos sentimos vazios, como um rio seco

e ficamos murchos sem nada a nos preencher.

Corremos contra o tempo cronológico

e criamos nosso tempo idealizado,

imaginando ter domínio de todas as nossas fraquezas, desprivilégios.

Nunca sabendo, de fato, quem somos, o que queremos da vida.

Nos iludindo com as mais toscas coisas,

aquelas que não contribuem em nada com a nossa dignidade.

Fizemos de tudo para nos encontrarmos um com o outro

e consigo mesmo,

Mas os anos não se repetiram, os nossos passados não voltaram...

Esporadicamente, nos lembramos dos nossos erros e acertos, da nossa breve caminhada à procura de uma identidade, de ter os pés nos chão.

Somos cônscios que ao mesmo tempo que os temos no chão,

os temos flutuantes em nossos enganos e quiméricas ilusões

e caímos sentados ou até deitados, quando não temos sutentação suficiente para continuarmos a caminhar por aí.

Quiserámos nós viver como principiantes pelo mundo,

sem se martirizar pelos nossos pecados,

por ter dado um passo além da nossa capacidade.

Sabemos que não podemos esconder nossos tropeços infantis,

Não há , no mundo, quem possa nos perdoar.

Precisamos aprender a viver sozinhos, pois, talvez,

nos conheçamos melhor e saibamos para que viemos.

Se foi para preencher o vazio um do outro,

se tínhamos mesmo de nos encontrar naquela hora.

Que não façamos tantos planos,

vamos tentar viver o que a aurora nos traz,

sem doces enganos.

Não conhecemos a razão da necessidade de estarmos um com o outro,

nem sabemos o que dizer na presença um do outro;

palavras faltam para descrever a essência de cada momento;

aí tentamos explicar com vagas definições.

Isso acontece o tempo inteiro conosco;

sabemos, tacitamente, que não

é questão de perder tempo

questionarmos todos os nossos "porquês"

e sim de enlouquecer.

Khall Alves
Enviado por Khall Alves em 14/12/2008
Reeditado em 01/09/2014
Código do texto: T1335250
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