TEMPO

Nada doi mais

no coração da gente

quando a saudade

que a gente sente

chega de repente

ao avistar lá na frente

a velha porteira

que se abria faceira

para adentrar

a criançada ligeira

a misturar sua algazarra

ao chilrrear da passarada.

Depois de tanto tempo,

a mesma porteira,

num arrastar lento,

rangendo um lamento,

deixa passar o silêncio

quebrado apenas

pelo som de folhas secas

que meus pés amaçam.

Um alvoroço os passarinhos ameaçam,

mas sem resposta,

voltam a pousar

para apenas olhar

a saudade passar.

Magali Cunha
Enviado por Magali Cunha em 17/12/2008
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