VOLTEM PARA MIM!

Fantasmas das emoções desditas,

Estas impressões esquecidas,

Desprezadas, abandonadas

Pelos arquivos da vida!

Há muito desgarradas

de meu seio;

dejetos mornos,

em exílio,

trancafiados

em masmorras

de repulsa,

moagem de escória

Quero resgatar-lhes

em seus momentos

de desgraça e inglória,

completamente alijados

da oficial história...

Retomem seu justo quinhão!

Retornem nos

constantes tremores de pernas,

nos baixos gemidos...

Nas cortantes trajetórias

hesitações,

intrigas inimigas,

nos pruridos!

Deteriorem-se

as feridas nos dedos,

os desvios de destinos,

os torpes desenredos!

Regressem os medos,

o pavor do roubado beijo,

o falso orgulho, o enlevo,

a estapafúrdia perda de tempo...

Devolva-se a este ser, desprazer!

Incomodando lento...

Faltando em intento,

revertendo a desmemoria...

Renove-se a associação

com a escória!

Os ridículos títulos,

as folhas alijadas do trevo

Reescrevam-se

as mensagens estapafúrdias...

Em debochados risos,

em homéricas fugas,

em profundas rugas!

Ecoem as torpes conversas

em família,

as armadilhas,

os almoços de guerrilha

Naquela mesa de alvoroços,

sentem-se os velhacos,

os maus moços,

a discutir heranças,

por brigas,

Apossem-se

das moradias!

Para após rechaçá-las

nas terapias...

Onde estão

Os bravos e inúteis cães

Das vinganças

Que forram os dias?

Ouçam

espectros vadios,

baldios, erradios,

longínquos,

das emoções vira-latas,

escorraçadas:

Agora estou pronto!

Para enfim,

num derradeiro

ponto-de-encontro,

encará-los!

Venham, pois!

Apresentem-se!

Assentem-se

apaziguados,

submissos,

cabisbaixos,

relaxados!

Voltem malditos!

Meus paridos

filhos pródigos

Involuam de onde

Nunca deveriam

ter evoluído!

Quero-os todos

dissolvidos em mim!

Só aqui

neste peito impaciente

Que almeja a volta

à decência

poderá, em paz,

esta corja desfalecer...

Para todo sempre!