POVOADO LUSITANO
Povoado lusitano, ao pé das serras,
O que faz o teu povo as sombras dos olivais ?
O que tricotam as matronas,
Esperando o sol se por ?
O que sonham suas moças suspirando nas janelas ?
Povoado pequenino, esquecido entre as serras,
O que pensam seus meninos pastoreando nessas terras ?
O que prende seus mancebos ,
Nos balcões de suas adegas ?
O que deseja o velho homem,
Em fé contrita na capela ?
Acho que seu povo não deseja o fim das serras , Nem os olivais;
As velhas senhoras tricotam a sua paisagem para jamais perdê-la de suas lembranças;
As moças sonham com seus príncipes à flor da pele;
Os seus meninos almejam nunca ter que crescer;
Os mancebos sorvem o vinho sonhando com as cinderelas;
E os homens das suas terras oram para jamais ter que morrer.
Povoado lusitano, que saudades de você.