MEU TIO EMPRESTADO.

MEU TIO EMPRESTADO.

Campos Melo com a Rodrigues Alves, Santos.

Encontro impessoal.

Num cruzamento da vida.

Nas duas largar avenidas.

Tão cabisbaixo meu tio.

Quase com a cara no chão.

Perdidos nos pensamentos.

Guardadas no coração.

Talvez relembre da Nice.

Tia por parte de mãe.

Que já partiu e nem disse.

Pra ele por que se foi.

Talvez não seje nem isso.

Mais seu semblante no chão.

Não era a sua sombra.

Cheirava a desilusão.

Desiludido com tudo.

Ou tão feliz de emoção.

Que seu semblante carrega.

Andando na contramão.

E esse tio emprestado.

Só vejo nos funerais.

Nesses encontros da vida.

Nos cemitérios reais.

Vejo-o esporadicamente.

Passando assim, pensativo.

Lá nos supermercados.

Entre pessoas e fardos.

Não vejo os primos faz tempo.

Se vê-los não os conheço.

Os homens estão quase calvos

E elas não fazem mais sexo.

O tempo inexorável.

Estranho por mais que pareça.

Faz-nos pender a cabeça.

Quase roçando a sargeta.

Tim Maia filosofa e diz:

Eu só sei que nada sei.

Sigo só meu caminho.

Por entre rosas, espinhos.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 05/01/2009
Reeditado em 23/11/2013
Código do texto: T1369333
Classificação de conteúdo: seguro