MEU TIO EMPRESTADO.
MEU TIO EMPRESTADO.
Campos Melo com a Rodrigues Alves, Santos.
Encontro impessoal.
Num cruzamento da vida.
Nas duas largar avenidas.
Tão cabisbaixo meu tio.
Quase com a cara no chão.
Perdidos nos pensamentos.
Guardadas no coração.
Talvez relembre da Nice.
Tia por parte de mãe.
Que já partiu e nem disse.
Pra ele por que se foi.
Talvez não seje nem isso.
Mais seu semblante no chão.
Não era a sua sombra.
Cheirava a desilusão.
Desiludido com tudo.
Ou tão feliz de emoção.
Que seu semblante carrega.
Andando na contramão.
E esse tio emprestado.
Só vejo nos funerais.
Nesses encontros da vida.
Nos cemitérios reais.
Vejo-o esporadicamente.
Passando assim, pensativo.
Lá nos supermercados.
Entre pessoas e fardos.
Não vejo os primos faz tempo.
Se vê-los não os conheço.
Os homens estão quase calvos
E elas não fazem mais sexo.
O tempo inexorável.
Estranho por mais que pareça.
Faz-nos pender a cabeça.
Quase roçando a sargeta.
Tim Maia filosofa e diz:
Eu só sei que nada sei.
Sigo só meu caminho.
Por entre rosas, espinhos.