Lá se vai o TREM
Lá se vai o TREM
Ouve-se ao longe um apito,
É da Maria fumaça,
E todo mundo se abraça.
Mas “ alguém” soltou um grito...
Foi bem no meio da praça,
Ninguém achou muita graça.
Vai parando devagar
A velha locomotiva.
E a despedida emotiva
Aos que já vão embarcar.
Alguém dá uma missiva
Com uma cara apreensiva.
Vão descendo os que chegaram
E retirando a bagagem,
Após uma longa viagem.
Vão sentando os que embarcaram,
Dizendo muita bobagem
Pra quem não segue viagem.
Com seus lenços dão abanos,
Segue a máquina nos trilhos,
Alguns enxugam os cílios.
Vão demorar muitos anos,
Sem poder ver os seus filhos.
E o trem se vai entre os milhos...
Ponho a cabeça pra fora,
Quando estamos numa curva,
Mas minha vista se turva
Justamente nessa hora.
Limpo meu olho com a luva
E bebo um bom suco de uva.
O trem vai subindo a Serra,
E o frio vai se insinuando.
Estamos quase chegando.
Olho a beleza da Terra,
A paisagem apreciando
Por onde vamos passando.
Novamente o mesmo apito
Do velho trem pra avisar,
Que na gare vai entrar.
Ouve-se outra vez o grito
De um papagaio a mostrar
Que odeia o trem apitar.
Saem rolos de fumaça
Da chaminé. De fuligem
As nossas caras se tingem,
Toda vidraça se embaça.
As rodas nos trilhos ringem,
E as fagulhas nos atingem.
Já chegamos finalmente,
É grande a nossa euforia,
Estamos no fim do dia...
Descem apressadamente
Tudo que no trem havia.
E o “louro” ri de alegria!...