VELHA OLIVETTI

Mesa cheia, atolada de papeis,

Um apontador enferrujado,

Um painel de alumínio com fotos,

Uma pilha de livros ao lado.

Sem querer estão os clipes

Atirados, dispersos, alienados,

Figuras metálicas contorcidas.

Um fichário desbotado não ri,

Queixa-se de estar abandonado,

Enquanto o calendário se alinha

Querendo virar o mês com elegância.

A mesa, esta sim, se sente cansada

E sobrecarregada com tatos desconhecidos.

Lembra saudosamente da velha Olivetti

Que continua encostada no canto,

Com seu ar senil e contundente.

A luminária se acende colérica

E clareia a penumbra das gavetas,

Lotadas e empoeiradas,

Contendo suas fórmulas de boa vizinhança.

Repentinamente a porta salta,

O vento distancia as semelhanças

E recolhe com precisão

Pedaços de simpatia dos cadernos:

Cada momento em silêncio

Traz um pouco de saudosismo.

Da vidraça vem uma friagem

Que embaça o ambiente.

Lá fora, acima dos carvalhos,

Se vê o entalhe perfeito da lua.

9 DE MAIO DE 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 13/05/2009
Reeditado em 13/05/2009
Código do texto: T1591668
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