SOMBRA DO PASSADO

Vaga a mesma sombra do passado.

O poente anda cansado

dos contrastes, dos bordados.

À porta do horizonte

se defrontam monstros sagrados,

que se esquecem da humildade,

mentem para a verdade,

iludem-se com o próprio passado.

Conheço os passos dessa sombra,

escondida entre lembranças,

irriquieta e assustada se levanta,

desce do seu apogeu ilusório

e chega ao beiral dos muros.

Vê ao longe uma fumaça

(duvidosa consigo e a desgraça).

Quer fugir do que existe

- o ruim, o errado, o feio.

Tudo é rude e frígido aqui fora.

O poente cansado se debruça calado.

Brilha à última risca nebulosa

e vai distante relembrar o seu passado.

5 de outubro de 1977.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 25/05/2009
Código do texto: T1613572
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