SILHUETAS DA VERDADE

Cala o passo do caminho,

poucas folhas vão ao chão,

pousam tristes em seus galhos

aves quietas na imensidão.

Vem o vento da arribada,

carregando a terra e o céu.

desenham-se figuras paradas

no encontro do alvorecer.

O dia quebrou a noite,

cortou o presente atrasado,

desligou o passado esquecido,

zombou de momentos, calado.

Depois somou as tristezas

às mesmas ideias remotas

e deixou que todos pensassem

estar em eterna verdade.

Mas foram passageiras,

tanto as tristezas quanto as ideias

(a verdade era falsa).

Não havia certeza,

permanecia uma frieza em tudo.

O ar dormiu entre as ramagens,

não balançou curvas ou ponteios,

sentou no berço da vida,

sonhou chegar apressado

e viver mais perto da verdade.

São Paulo, novembro de 1977.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 19/06/2009
Código do texto: T1657271
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