RECOLHENDO PÉTALAS
Muito longe, em horizonte,
revejo pensamentos,
corações de papel laminado,
cartões de lugares não visitados.
Um convite sai voando pela janela
- cai na terra e se suja.
Era uma notícia antiga,
talvez triste, ninguém sabe por quê.
Então parei diante da porta
e um clarão passou quieto
- muito além da fronteira.
Quis seguir lá fora,
procurar entre os gravetos
uma antiga agenda de veludo.
Correu um atropelo de recordações
e o tapete de rosas encobriu tudo
- como um mar amarelado,
um reflexo de sol.
Delicadamente segurei as pétalas
para guardá-las em vidro,
deixá-las secar lentamente
enquanto as tardes se aquecem.
São Paulo, 22 de junho de 2009.