Amnésia

Que estranho! Olhei pro céu e aquela estrela sumiu, corri pro meu quarto e a solidão já não estava lá, ouvi músicas, li poesias, percebi que junto com os inefáveis sentimentos escritos, estava o seu nome, e mesmo assim não me lembrei de te.

Arrumei meu quarto, encontrei rascunhos de um sentimento desmedido de outrora, amassei o papel da ilusão, pus a mão no peito, e nem um sinal de coração.

Que estranho! O celular tocou e minha mão foi mais rápida do que a luz da desilusão.

Ouvi besteiras, falei-as, e um sorriso de rugas me trouxe a amnésia. Olhei o lindo pôr -do- sol, inalei o perfume das rosas, vi um casal namorando, e não me lembrei de você.

Passei a noite, olhando as estrelas, contemplando um amor que há de vim, mas não me lembrei de te. Uma linda estrela-cadente riscou o céu, escreveu um verso que não entendi, mas acredita? Não me lembrei de te. Fiz um pedido de amar a alguém mais do que a mim, mas, nem neste momento, lembrei-me de te.

Pessoas falam, poetas clamam, em cada diário estar, as nuvens choram lágrimas de letras que formam seu nome, o sol transpira seu perfume, em todo verde há seus olhos, a rádio desmentiu Cazuza, e nossa música tocou, porém a melodia já estava oca, meu coração inaudível não ligou, uma foto sua da minha gaveta se apresentou, mesmo assim, não me lembrei se já a tinha visto ali.

Sai correndo exaltando alegria, teria passado aquela agonia? Que estupidez insana, não se esquece quem ama. O ópio da razão adormeceu dentro de mim, e imediantamente meu coração disse que tu moras aqui.