VELHO CASARÃO

Velho casarão abandonado, és Fábula
Vivo , és saga de antepassados, és
Resquícios de trapos humanos, onde a
Miséria e a fome ladeava os menos
Afeiçoados.

És o choro inane da fome e a morte da
Inocência humana, és o afã de fracassos
E a angústia de tantos que gravita
Dissimulado em seu espaço.

És negras noites de horas mortas, és
Fantasmagorias, onde ventos bate-lhes
Ás portas prenunciando sons do sofrimento
E sortes.

És o grito eloqüente dos senhoris, que
Em alto-comissário, gritavam por Zacarias,
Outros por Damiãos, que de pronto lhes
Atendiam com pressa e com precisão.

fostes o desfechos, de sentimentos penúria
E glórias, em seus anais já vivido assim
Contam a história.

Mais do sofrimento nasce a razão que
Embora anos luz lhe veio a perfeição,
Do insípido e inodoro liquido a banhar tua
Alma fragilizada pelo tempo.

E estático fícas a observar ponderadamente
O danoso tempo corroer-lhe a alma, e a
incúria dos senhoris do poder alheios a tua
existência.


Dedico esse poema a muitos que no ano de 1932, pereceram em um Campo de concentração na cidade de Senador Pompeu-CE , em especial O Sr. Zacarias Benevides, com quem tive a honra de quando ainda criança ouvir seus relatos sobre a seca de 1932, e o curral da fome. Guardo nítidas lembranças ainda que há muitos anos suas narrativas; sempre firme , e um sotaque de voz ponderada, que mim deixava estático sentado em cima de um velho pilão de pilar milho por horas seguidas. Para os que não conhecem o tal episódio, o casarão mencionado no poema é um de tantos existentes na cidade de Senador Pompeu-CE , construído para servir de moradia aos engenheiros estrangeiros que vieram para construção da Barragem Patu presumo no ano 1923, o que na época não passou de sonhos de um povo.