ECOS DA MINHA JUVENTUDE OU GERAÇÃO SESSENTA

Às vezes em recolhimento

Ponho-me a recordar

E sobre minha juventude

Ouso até um poetar

Geração sessenta

Valente e destemida

Na causa e no efeito

Em lutas aguerridas

Romântica e idealista

Um mundo a transformar

Senhora de outras verdades

Até luta armada adotar

Contestação de valores

Repensar de idéias

O velho deve morrer

Para o novo florescer

A ordem era desconstruir

O mundo velho de então

Em busca de um novo devir

Com garra e coração

Amor livre, sem aids

Para reprimir.Censura?

É proibido proibir

Família? Careta, dispensável

História? Cada um faz a sua

Jovens tardes de domigo

No escurinho do cinema

Dançar de rosto colado

Tinha sim que namorar

Primavera de Praga

Revolução dos Cravos

Barricadas em Paris

Flores, enfeitando canhões

Woodstock e Beatles

Roling Stones e Elvis

Sartre e Luther King

Homem na Lua

Terror em Berlim

Solidariedade na Polônia

Panteras Negras nos EEUU

Aldeia Global

Rebeldia, com causa ou sem causa

Prá não dizer que não falei de flores

Anos de chumbo

É proibido falar, cantar

Nem aos poetas

É permitido poetar

Imprensa amedrontada

Censura do Pasquim

A morte de Wladimir

O bêbado e a equilibrista

Salas de aulas caladas

Silencio aviltante

DODOI CODI, vigilante

Futebol confiante

Morte no Calabouço

Itabuna caiu, UNE, sumiu

Força armada nas ruas

Rio Centro, quem viu?

Somos nós aqueles jovens

O sonho não tinha limites

A razão queria aventuras

Eu lhes pergunto poetas

Que legados deixamos nós

Às novas gerações?

Aceite o mote e responda

Para tudo registrar

Porque eu tenho certeza

Há muito para contar.

O momento é oportuno

Relembrar a ditadura

Para quem está pedindo

A volta dos militares

Eu vou me pronunciar

Poetisa Conceição

Temos muito pra contar

Nos falta a ocasião

Fazer falso iealismo

É empurrar pro abismo

Esta nova geração

Que se perdeu no bordão

O jovem de hoje em dia

Precisa se libertar

De uma porção de agonias

Na forma de planejar

Sumir com os entorpecentes

Se comportarem decentes

Aprenderem a trabalhar

Para suas vidas ganharem

Miguel Jacó.

Prá registrar Conceição

O tempo bom que eu vivi

A juventude de então

Amores que conheci

No quartel revolução

Eu até medo senti.

Gilson Faustino Maia.

Eitaaa, parabens,bela geração

Uma geração sem igual

Cheia de percalços

E abertura

Éramos da jovem guarda, uma aventura

Toda especial

Me uno a esta ciranda.

Flor Enigmática

O jovem já não protesta

A UNE é uma repartição

Federal

Calada com patrocinio

Oficial

Já não há estudantes

Como antigamente

O jovem já não sonha

A não ser quando entupido

De maconha

Ou cara lavada

Que nunca mais foi pintada

Que vergonha.

Eurípedes Barbosa Ribeiro.

Eu sinto uma profunda tristeza

Por tudo que a juventude passou

Com a liberdade reprimida

A minha e de milhões de brasileiros

Durante o regime cruel

Golpe político-militar

Instalado na raça e no peito

E que entristeceu toda a nação

Cerceou o estado de direito

Perdi parte da minha juventude

E parte da minha liberdade

Porem nunca a vergonha

De levantar os olhos

Para as gerações futuras.

Onofre Ferreira do Prado