Na fazenda

Feliz na fazenda
Brincava simplesmente...
Eram brincadeiras gostosas
Segredos e fantasias que guardava
De amores inocentes...
Era lá que sonhava
Os mais castos sonhos
De menina irrequieta
Quando vivia a efervescência
E a explosão dos hormônios
Que inquietam a adolescência!

Debaixo do pé de sabonete
Árvore frondosa, sombra gostosa
Onde sentava solitária e divagava...
Meus pensamentos como filete
De água dos córregos por onde andava
Faziam-me lembrar das outras crianças
Dos seus banhos, seus corpos nus
Ainda em formação, nos seus tenros anos...
E sentia vontade de pular naquelas águas cristalinas
E mergulhar meu corpo nu, meus sonhos e desejos
Fazer tudo como faziam aquelas meninas!...

Mas meus pensamentos se arrefeciam
Desencontrados e soltos eram meus desejos
Sempre que voltava àquele vilarejo...
Da minha mãe a ordem expressa
Para não acompanhar as crianças do lugar
Mas eu corria assustada e com pressa
Para me desviar do seu olhar...

Boquiaberta, acompanhava
Os pulos das meninas na água!
E o mergulho mais profundo me cegava...
Eram meninas corajosas, não desobedientes
Estariam desafiando seus pais?
Elas me chamavam de menina medrosa
E me instigavam e provocavam
Enquanto eu só observava cada pulo
Cada mergulho destemido e tinha orgulho
Ao ver as águas que passavam!...
Meus olhos doíam como pés sobre pedregulho
E os reflexos do sol provocavam
Lágrimas que estavam guardadas...