A Descoberta

Ontem eu pensei assim :

Caso chova torrencialmente,

Amanhã ficarei em casa

Fazendo alguma coisa diferente.

Hoje amanheceu chovendo,

Houve relâmpagos e até trovoadas,

Lembrei o que pensei ontem

E não saí cedo com minha amada.

Inventei uma porção de coisas para fazer,

Coisas que nunca havia feito antes,

Tive alguns prejuízos, é verdade,

Mas foi deveras gratificante.

Nem senti o tempo passar,

Tão distraído estava.

Descobri coisas interessantes

Guardadas no fundo de uma mala.

Eram pacotinhos amarrados com cordão

Que curiosamente abri aflito.

Qual não foi minha surpresa ao verificar

Que eram retratos mofados e bem antigos.

Tentei identificar os personagens,

Mas não reconheci ninguém.

As fotos estavam manchadas e escuras,

Não dava para observar bem.

Recoloquei-as no mesmo lugar

E fui em busca de novas descobertas,

Foi então que me deu um estalo

Ao verificar as gavetas da cômoda abertas.

Remexi em tudo rapidamente

E desvendei um maço de correspondências.

Eram cartas antigas de meu à minha mãe

Quando eles ainda não se viam com freqüência.

Fui lendo uma por uma lentamente...

A cada leitura ia ficando mais excitado.

Meu pai fazia revelações íntimas em detalhes,

Mas um comentário me deixou bastante chocado.

Compreendi que eles estavam brigados

Porque minha mãe estava esperando um bebê.

Ele insistentemente implorava para que ela abortasse

A fim de que em paz pudessem viver.

Na carta seguinte o susto foi bem maior,

Porque entendi que o bebê era fruto de uma traição.

Meu pai estava disposto a perdoá-la

E aceitá-la novamente com amor no coração.

Na última missiva meu pai se rendia,

Pois amava minha mãe com loucura,

Porém pude compreender depois de muitos anos

Porque jamais meu pai de tratara com ternura.

Agora está tudo explicado,

Tudo aconteceu assim de repente...

Foi minha curiosidade que me trouxe a verdade,

Coisa que nunca se passara em minha mente.

Finalmente, já anoitecendo, o temporal passou.

Fiquei calado e guardei tudo do mesmo jeito.

Telefonei para minha amada. Combinamos. Saímos.

Mas guardarei eternamente esta mágoa no peito.

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 06/01/2010
Código do texto: T2013552
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