Meu Anjo Negro

Não te percebia como agora

Sereno, másculo, viril...

Nem tampouco inspirava

Em mim a vontade de te ver...

De uma noite,

Em clara conversa,

Um sofá...

Uma sala...

Estava eu lá, na sua pétria égide,

Em meio a fotos de sua vida

E a poemas recitados,

Num momento singular

De galanteios e sussurros.

Sentia a loucura de ao menos te tocar,

Mas o rubor de minha face

Demonstrava o pudor daquele instante.

Num impulso seu...

Guiou-me ao desconhecido

De olhos fechados

Penetrei ainda mais em sua redoma

E ao levantar de pálpebras

Pude ver estrelas

Na mais negra noite daquele dia.

E entre uma conversa e outra

Fui tocada pelos seus lábios...

Num intenso e extasiante furor.

Senti sua pele,

Seu corpo nu enroscado ao meu

E em loucos murmurios

Deleitei-me em seus desejos

Sentindo-me mulher.

Em outro momento,

Depois do encontro,

Queria novamente te tocar

Mas a distância agora

Não me permitia te ter.

Depois de longa espera

Numa noite qualquer

Pude novamente te encontrar

E de beijos loucos

Tuas mãos acariciando

Meu corpo

Não podia parar...

Língua na língua

Respiração ofegante...

Num conjunto particular.

Adentrou meu universo

Com o charme de um Dante

Consumou no ato

O ato...

Da mais bela fantasia

E em meu leito fez-me descansar

Por minutos eternos

Em seu peito forte.

E no recôndito do meu quarto

Em minha humilde moradia

Deitado em minha cama,

Meu lindo anjo negro

Sem asas, despediu-se e

Foi-se...

Como veio...

Veloz, efêmero, intenso...

Na minha lembrança

Te tenho todo dia...

Nas horas em que o trabalho

Não ocupa minha mente.

Penso... penso... e penso

Em você.

Onde está?

Porque permite essa loucura?

O que faz agora?

Minha alma te procura!

Meu anjo,

Do céu estrelado...

Do negro olhar da noite

De um cenário inacabado!

Gisele Lima
Enviado por Gisele Lima em 20/08/2006
Reeditado em 20/08/2006
Código do texto: T220599