" Lairzinha distante " 

Evaldo da Veiga




— Ser ou não ser... eis a questão.
William Shakespeare



Oh que saudade do tempo que vivi,
quando estava alegre vendo
os pássaros no céu e os bichinhos que me davam atenção.
Do pé de Jamelão onde sob sua sombra namorava
com Lairzinha.

Era um amor mais de brincar com os dedinhos,
 fazer cócegas dizendo que o ratinho pegou o queijo.
Nas raras vezes que ficamos nus, nem sabíamos o que fazer,
assim não fizemos nada e nem lamentamos a omissão.
 
Quantas coisas que ficaram e que seriam bem recebidas
se pudessem ser cumulas no agora.

Mas também houve tristezas, ida do meu pai pra sempre
E já não sei se trocaria o antes com o agora,
se queria acumular mesmo.

 
Não tenho ânimo para sanear o processo,
separar joio do trigo e o antes do depois.
Ser ou não ser... eis a questão

 
Nosso amor mesmo era o de esperar o momento de nos vermos
e pedir ao Papai do Céu para não trocar nossos caminhos.
Que vida linda chegar correndo do colégio
e ter os olhos claros e os cabelos da cor do milho,
vendo Lairzinha.
Ouvir uma voz bem clara, nítida e linda,
dizer que sou um menino mais importante do mundo

Ah, vontade de voltar, mas não sei o caminho...
E nem sei se aquele mundo ainda existe,
sentindo por lógico que não.