REGRESSO SEMPRE AO POEMA

As palavras vão nascendo sem destino

Companheiras constantes na noite que dura

Saem prodigiosamente da minha boca e são mimo

Que semeio e colho com ternura.

Irradiam luz, são claras como água!

Ajustam-se às alegrias e às tristezas

Dizem não haver só felicidade, também mágoa

Acompanham-me nos dias felizes e nos de incertezas.

De insónias e do silêncio são surgidas

Da erosão da memória, que já se aquieta

Do santuário do meu íntimo saem polidas

Palavras mágicas sonham poesia e o poema é meta.

Nelas já não ouço a toada do meu canto,

Nem vejo a alegria do meu olhar

Ao rio feito saudade entregaram meu pranto?!

Às montanhas o eco do meu grito, foram levar?!

Misteriosa pandora que trago comigo

Obsessão que teima em não desarredar e me alucina

Caixinha pronta a guardar o tempo que é meu inimigo

Também a coragem, sem coragem que é minha sina.

Regresso sempre ao poema, como se fosse meu cais

Aqui neste lugar de parir poesia na despedida

Já ouço os trovões, mas apesar dos temporais?!

Farei com que o barco, volte sempre ao ponto de partida!

rosafogo

natalia nuno