Sapato Velho.
Oh meu sapato velho.
Não me canso de engraxar-te
Pois, foi contigo que caminhaste
Pelas tardes nas alvoradas.
Que pelos carnavais da vida,
Entusiasmado nos enfeitamos
Cada pé de uma só cor,
Brilhos e muitos frufrus.
Paquerávamos a Bela Senhora...
Aquela de vestido de chita e,
Um lindo tamanco azul...
Minha bela rosa, minha Senhora.
Companheiro pelas manhãs, tardes e,
Principalmente às noites.
Quando dançávamos com Bela Senhora
Nos bailes de São João.
O refletir de todas as farras
E a toda passarada nos fazia descansar,
Para horas depois
Tornar a andar.
Ah, lembro daquelas pontas-pé maliciosos
Que alçavam às caneladas os coronéis
Ao olharem Bela Senhora...
A minha Senhora!
Eram um cheiro de novo todos os dias.
Mesmo no sertão empoeirado.
Eu carregava um lenço ao lado,
A espanar, e esfregar, e alinhar, e arrumar, e...
E. Estamos velhos!
Mas eu e meu sapato velho,
Ainda engraxado
Caminhamos um destino sem fim.
BC