Sapato Velho.

Oh meu sapato velho.

Não me canso de engraxar-te

Pois, foi contigo que caminhaste

Pelas tardes nas alvoradas.

Que pelos carnavais da vida,

Entusiasmado nos enfeitamos

Cada pé de uma só cor,

Brilhos e muitos frufrus.

Paquerávamos a Bela Senhora...

Aquela de vestido de chita e,

Um lindo tamanco azul...

Minha bela rosa, minha Senhora.

Companheiro pelas manhãs, tardes e,

Principalmente às noites.

Quando dançávamos com Bela Senhora

Nos bailes de São João.

O refletir de todas as farras

E a toda passarada nos fazia descansar,

Para horas depois

Tornar a andar.

Ah, lembro daquelas pontas-pé maliciosos

Que alçavam às caneladas os coronéis

Ao olharem Bela Senhora...

A minha Senhora!

Eram um cheiro de novo todos os dias.

Mesmo no sertão empoeirado.

Eu carregava um lenço ao lado,

A espanar, e esfregar, e alinhar, e arrumar, e...

E. Estamos velhos!

Mas eu e meu sapato velho,

Ainda engraxado

Caminhamos um destino sem fim.

BC

Belra Cross
Enviado por Belra Cross em 26/09/2010
Código do texto: T2521830
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