VELHICE

Quando meus passos firmes

Em trôpegos transformar-se

E minha vista

Quase ou nada enxergar

Olhos marejados da saudade

Que a idade teima em deixar

Serei parte da história

E na sua história

A minha história

Ou parte dela vai misturar

Vai lembrar de mim como ponto de referência

E uma reverência

Ao meu passado

Vai querer prestar

Não sou viva alegria

A sua ou de qualquer outro

Mas pelo menos um pouco

Para esta alegria

Com certeza sou culpado

Serei lembrado

Deixarei legado

Não poderá negar

Sou aquele que construí um sonho

Uma casa, um abrigo, uma igreja

Talvez nela você me veja

Na hora dos laços sagrados

Com aliança nos dedos

Fidelidade jurar

Quando comeres o pão de cada dia

Vai saber que da massa

O trigo que plantei

E colhi

É hoje parte da sua mesa

E também na sobremesa

Pelas fruteiras que plantei

O doce gosto da açucarada fruta

Hoje é você quem colhe os frutos

De todas as árvores que deixei

Até no seu ultimo suspiro

Da sua ultima morada

Participei

Hoje estas mãos enrugadas

Calos que contam a história da minha estada

A madeira da sua ultima morada

Fui da frondosa árvore

Que um dia plantei

Sou o passado que fez o futuro

E você também será

Hoje suas mãos que trabalham

Que constrói, planta ou colhe

Será para a sua prole

A continuação

E a história se repete

Pelas mãos dos que virão...