Tu és minha canção
_Sônia Sylva-
Hoje, no jardim de Deus
Sinto que os anjos fizeram festa...
Por uma rosa chamada Maria
Que foi colhida dos jardins
De nossas vidas.
Maria, a minha rosa preferida,
Não foi arrancada
Por mãos rudes,
Muito menos o vento a derribou,
Tampouco foi castigada pelo sol,
Nem a chuva destruiu as suas pétalas.
A rosa foi colhida delicadamente.
O Jardineiro soube esperar
O momento certo.
Porque era completa, ela era bela
E faria uma falta imensa ao nosso jardim
Se a colheita fosse antecipada...
Há um tempo determinado pelo Grande Criador
Para todas as coisas
Sobre a terra
Está é a real certeza que temos...
E minha flor chegou firme
Até o final de sua missão-mãe.
Graciosa, pois nem as dores
Apagavam de seu rosto
O sorriso fácil, alegre e jovial
A minha rosa com seu cheiro de paz,
E seus abraços de ternura e aconchego
Alegrou aos olhos do Jardineiro,
Mas muito mais nos alegrou,
Enquanto conosco esteve presente!
O nosso jardim daqui, não está vazio...
Há apenas a ausência desta rosa,
Tão encantadora em seu suave jasmim,
Que, às vezes, é quebrado pelos acordes de meu violão...
Minha rosa, nas tardes de sábado ou de domingo,
Ainda tinha tempo para mim...
Ouvia as minhas tentativas de harmonia e afinação
Arriscando um dueto de voz ao som de meu violão...
Hoje, tanto eu, quanto o violão, desafiamos a saudade
Desafiamos o silêncio, desafiamos a ausência...
Enquanto as cordas soam em bemóis e sustenidos...
Por alguns minutos, a casa se enche daquele seu amor especial...
Amor, amor, amor. Amor de mãe!
Que só as grandes rosas sabem exalar...
É como se o jardim tivesse parado no tempo...
Naquele exato tempo em que a primavera
Despontava a cantar!
(25/03/2010)