TUÉZINHO

O leitãozinho perdeu a mãe quando ainda mamava.

Por ter ficado sozinho dei-lhe o nome de Tuézinho

E alimentava-o na mamadeira com leite de vaca

Logo o bichinho se acostumou com a nova vida.

Todos os dias, bem cedinho, chorava na porta da cozinha.

Antes de sair para a escola alimentava o bichinho

Quando regressava lá estava ele, no mesmo lugarzinho.

Esperando por outra mamadeira e talvez, por um carinho.

Ficamos inseparáveis, onde estava eu, estava o Tuézinho.

Meu amiguinho logo cresceu e deixou de ser leitãozinho

Largou a mamadeira, mas sempre comia na porta da cozinha.

Esperto e cada vez mais gordinho tornou-se um porquinho.

Tuézinho engordou tanto que não conseguia andar

De tão pesado vivia deitado na porta da cozinha

Dorminhoco não conseguia mais me acompanhar.

Um dia quando voltei da escola não o encontrei.

Procurei por todo o quintal, gritei chamei e nada.

Meu irmão então falou com a voz entrecortada,

Veja o Tuézinho, apontando as lingüiças penduradas.

Meu pai cumprira a promessa de matar o Tuézinho.

Disse que ele acabaria morrendo de tão gordo.

Tuézinho cumpriu o destino de todos os porcos,

Mesmo sendo querido virou lingüiça e toucinho.

Ana Aparecida Ottoni

Ana Aparecida Ottoni
Enviado por Ana Aparecida Ottoni em 09/11/2006
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