Dona Chica de Mil Braços

Os olhos de menino ainda

saltam da caixa e rolam no

chão de cimento vermelho

dos fundos da casa sertaneja

esparramada na memória.

Num pedacinho de tempo,

param bem debaixo

das saias sem calças

de Dona Chica de mil braços,

os olhos.

De tantos braços,

aqueles que moem milho,

os que moem café

e os que lavam roupa

cutucam a memória.

Renasce então o menino

de olhos caídos no chão

sob as saias sem calça

de Dona Chica de mil braços

e menos um segredo:

- Dona Chica não usa calças!