Ruas de Minha Vida
Como em sonho lembro a de minha infância:
A casa simples de porta e janela
Muitas árvores no passeio.
Os galhos caídos pela calçada sofriam
O efeito da poda no inverno.
Com eles brincávamos até o crepúsculo cor-de-rosa.
Entretidos pela alegria a ocupar mãos e peito.
No domingo, a esperada ida à Rua da Praia
Era algo supimpa, e a família
De mãos dadas, buscava as vitrines multicoloridas.
Caminhando pela Independência até a Andradas,
Sem susto, sem medo.
E de que teríamos receio?
Ladrões arrombavam ricas mansões,
Não nós, pobres mal vestidos,
Basbaques admirando uma profusão de cores.
A novidade por entretenimento.
Alegres pelo simples estar juntos.
A cidade acolhia e a rua representava
O espetáculo das formas, das nuances.
Promessa em elipse para o futuro.
E hoje restam lembranças e a pergunta:
O que nos aconteceu?