Reminiscências...

REMINISCÊNCIAS

Era madrugada e a insônia me fazia companhia...

Nossos diálogos retornam como um filme a rodar...

A carteira vermelha estava lá... A tua presença concreta: fotos, quase roubadas, te mostravam de perfil em meio à maquinaria da construção civil.

E um cartãozinho singelo, o mais belo pra mim, que dizia assim: “Que os poemas de Cartola, reflitam meus sentimentos por você e que a voz do Ney os expresse”.

Esse foi, para mim, o presente mais valioso...

Ainda ressoa aos meus ouvidos, para distrair a saudade que anda comigo, as coisas lindas que ouvi nos momentos de nós dois...

E na distância, que te faz de mim ausente, às vezes ouço, como se fosse agora: ”eu te amo, como homem, plenamente”...

E pensar que chovia nesse dia, lá fora, aos borbotões, e dentro do carro eu me derramava em pranto, a dizer ao meu amor, meu confidente, as surpresas que a vida trás...

E do seu jeito discreto, ao seu toque carinhoso, me fez lembrar, a semelhança que há entre a vida e os games de criança, aonde quem aos obstáculos supera, em última análise, apenas “muda de fase”.

Meu amor, quantas pequeninas coisas vivi contigo! Esses momentos valem uma vida...

Os nossos caminhos parecem linhas paralelas. Mas de onde estou às vezes aperto o passo para te alcançar. E nesses trilhos, às vezes nos damos as mãos...

Caminhando de mãos dadas contigo tudo fica mais bonito.

O tempo voa e a vida flui em serena felicidade.

Eu sinto saudade de ficarmos mergulhados naquele nosso olhar...

Em silêncio, eu sentia que nos dizíamos o que as palavras não conseguem expressar...

E a gente perdia a noção do tempo até que a vida, lá fora, nos viesse despertar...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 29/12/2006
Reeditado em 11/01/2007
Código do texto: T331022