- NO CÉU -
“No céu, no chão e na cascata
Sinto a alegria tocando em minha barba branca
Enquanto um anjo ao meu lado se abanca
Olhando pra ele dou uma gargalhada
Lembro das planícies tão verdinhas
Lembro o quanto era pura a terra
Porém as árvores não são fortes pra uma serra
E as fontes puras agora são estreitinhas
Da janela da minha não vejo mais aquela floresta
De repente, facilmente entendo que algo saiu errado
O anjo entre soluços chora ao meu lado
E me que cochicha: A raça humana não presta
Outros anjos aparecem, espiam e desaparecem
O anjo ao meu lado diz: Os bosques eram todos meus!
E continua: Mas agora acho que não é nem mesmo mais de Deus
Explico a ele que o ser humano pela ganância e luxuria adoecem
Digo ainda que também sou filho de Deus
E afirmo que a arca hoje em dia seria desconjuntada
Começo também a chorar vendo a última árvore sendo derrubada
Descubro neste momento que a natureza fugiu dos meus olhos
O anjo está arrasado e minha alma começa a ruir
Tento segurar, mas minhas lágrimas a todo custo quer sair
Depois de setenta anos não tenho mais porque sorrir
Leve-me com você anjo, também quero partir”
Cleiton Dorival Lovatto – 06/06/2008