A falta que ela faz

Minha menina toca um violão desafinado, tem a voz rouca e seus gestos não condizem com seu corpo, tão destrambelhada e linda que me converte ao amor. O meu amor canta Caetano, e por falar nele, acho que foi ele que uma vez abriu a boca e disse que: você é meu caminho, meu vinho, meu vicio desde o inicio. Palavras dele,

e ousadia minha, que perduro num lapso de uma paixão gritante, chegando à concordar com a sonoridade da frase.

Uma paixão meio assim... Como uma rabisco mal escrito em cores de uma caneta a falhar, como música desafinada, pra gente dançar descompassadas e leve, como a paixão deve ser, e como nosso encanto é!

Eu gosto de fechar os olhos ouvindo 'ZAZ' e te imaginar deitada no chão da minha sala, teus pés no sofá, um cigarro na mão direita, um vinho adormecido no canto esquerdo, a luz amarelada da rua entrando pela janela e rabiscando seus olhos de luz. Eu gosto de te imaginar aqui, segurando a minha mão quando tudo perde o sentido.

Eu acabei de escrever um texto sobre nosso encanto e o perdi, me perdi, desses tão grandes que não cabem mesmo nas mãos, e por final dele, me restou a única frase, dita, gritada, cortando minha alma, e levantada como bandeira pelos teus 20 anos; é que o amor é tão livre, que, enquanto não sente leveza, não pousa. Amor é abrir gaiolas e não se preocupar com textos perdidos, com tempos perdidos, amor, de verdade, clama liberdade!

Eu queria encontrar palavras que puxassem como um fio os mais doces e puros sentimentos que circulam dentro de mim, eu queria encontrar paralisia nas minhas mãos quando elas teimam em tremer ao ouvir seu nome, queria manter a calma em meus lábios que molham ao te ver. Queria te explicar que o amor. Ah, o amor... Amor não chega em cavalos brancos, nem em carruagens douradas, nem é feito só de paz, te mostrar que o amor desmente os contos. O amor, meu amor, senta na mesa de um bar e conversa por horas, anestesia, amortece, cicatriza, cura, se mostra vivo e vai embora. Porque amor é muito e não cabe em si, amor mesmo, transborda a euforia e mistura os mais loucos e lindos sentimentos.

Eu queria te pedir, meu amor, que não encontre no desamor um hiato que te faça esquecer os mais doces planos, dos nossos filhos, lar, cachorros, amigos, risos, piadas, nossas músicas, eu queria te pedir, pequena, que você não esqueça das primeiras músicas, do Dylan, do Cartola, dos dias que não dormimos à amar nossos detalhes, e eu exijo, amor, que você não esqueça, que teu jeito tímido de olhar pra baixo quando deseja carinho, está marcado aqui, como ideal de sutileza,

Eu escrevo hoje, neguinha, sobre coisas que vejo e sonho. Escrevo sobre seu sorriso, e sobre a leveza que tua voz traz ao meu coração, eu estou falando do sorriso que você presenteia o mundo e o quanto ele se faz alimento pra minha alma. Eu escrevo sobre o quanto acredito no amor, e é por isso que escrevo tanto sobre ele. Eu acredito, no encaixe das nossas mãos, na pureza dos sentimentos que saltam seus olhos, nos beijos, nas palavras e nos abraços nus.

Poetisa Lêh Walker
Enviado por Poetisa Lêh Walker em 23/10/2012
Código do texto: T3948833
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